Segue abaixo o texto as sete lágrimas de um Preto-Velho do Livro Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de um Preto-Velho autor W W da Matta e Silva.
Este texto é muito instrutivo e vale apena ler com atenção.
Saravá!
AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO-VELHO
Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste preto velho chorava. De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas deciam-lhe pelas faces, não sei porque contei-as... foram sete.
Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei. Fala meu Preto Velho, diz ao teu filho por que externas assim uma visível dor?
E ele, suavemente respondeu:
- Estás vendo esta multidão que entra e saí? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.
- A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, na curiosidade de ver, bisbilhotar para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...
- A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam desacreditando, na expectativa de um “milagre” que os façam “alcançar” aquilo que seus próprios merecimentos negam.
- A terceira, foi para esses que crêem, porém, numa crença cega, escrava de seus interesses estreitos. São os que vivem eternamente trabalhando de “casos” nascentes uns após outro...
- A quarta, distribui aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejam sempre prejudicar a um semelhante – Eles pensem que nós, os Guias, somos veículos de suas mazelas, paixões, e temos obrigação de fazer o que pedem ... pobres almas, que das brumas ainda não saíram.
- A quinta, diretamente aos frios e calculistas – Não crêem , nem descrêem; sabem que existe uma força espiritual, e procuram se beneficiar dela de qualquer forma. Cuida-se deles, não conhecem a palavra Gratidão, negarão amanhã até que conheceram uma casa de Umbanda...
Chegam suaves, têm o riso e o elogio à flor dos lábios, são fáceis, muito fáceis; mas se olhares bem seus semblantes, verás escrito em letras claras: "Creio na tua Umbanda, nos teus Caboclos e no teu Zambi, mas somente se vencerem o ”meu caso“, ou me curarem “disso ou daquilo"...
- A sexta, eu dei aos fúteis que andam de Tenda em Tenda, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente, sei bem o que eles buscam.
- A sétima, filho, notaste como foi grande e como deslizou pesada? Foi a ÚLTIMA LÁGRIMA, aquela que “vive” nos "olhos" de todos os Orixás. Fiz a doação dessas aos médiuns vaidosos, cheios de empáfia, para que lavem suas máscaras e todos possam vê-los como realmente são...
“Cegos, guias de cegos”, andam se exibindo com a Banda, tal e qual mariposas em torno da luz; essa mesma LUZ que eles não conseguem VER, porque só visam a exteriorização de seus próprios “Egos”...
“Olhai-os” bem, vede como suas fisionomias são turvas e desconfiadas; observai-os quando falam “doutrinando”; suas vozes são ocas, dizem tudo de “cor e salteado” numa linguagem sem calor, cantando loas aos nossos Guias e Protetores, em conselhos e conceitos de caridade, essa mesma caridade que não fazem, aferrados ao conforto da matéria e à guia do vil metal. Eles não tem convicção.
Assim, filho meu, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma AS SETE LÁGRIMAS DE PRETO-VELHO!
Fonte: Livro Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de um Preto-Velho
Autor: W.W da Matta e Silva
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