quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Umbanda e Candomblé: temos semelhanças, mas não somos iguais!




Por: Rodrigo Queiroz


Para entendermos as diferenças e semelhanças dessas duas vertentes religiosas, vamos fazer um breve comentário sobre o contexto histórico do Candomblé.
Na África, antes e durante o processo de escravidão, existia (hoje em pequenas proporções) o Culto aos Orixás. No continente ele se desenvolvia como um culto familiar e tinha relação com as regiões. Era como se cada lugar pertencesse a um Orixá.
Essa tradição foi trazida para o Brasil pelos africanos e aqui tomou pra si outro formato que culminou no que nós conhecemos hoje como Candomblé. É por esse motivo que o Candomblé se classifica como uma religião afro-brasileira, nasce em solo brasileiro mas possui matriz africana.

A Ekedi, professora e doutora Patrícia Globo explica que o Candomblé é fruto de uma condição histórica específica, conhecida como escravidão e se consolidou no Brasil, assim como a Santéria em Cuba e o Voodoo no Haiti.
Nesta explicação simplificada de como a religião se estabeleceu no País, já começamos a entender sobre suas diferenciações, tais como sua base de fundamentação. Veja abaixo algumas DIFERENÇAS entre Candomblé e Umbanda:

– Candomblé é um culto afro-brasileiro. Umbanda é uma religião genuinamente brasileira (agrega influências dos cultos africanos, porém incorpora outras crenças também).

– Mesmo sendo duas religiões que mantém o culto aos Orixás, cada uma trata de uma forma diferente esse culto.

– Umbanda reconhece nas entidades de trabalho, ou seja, espíritos de pessoas que desencarnaram, mas que voltam à Terra por meio da incorporação do médium, a prática da caridade.

– No Candomblé o atendimento das pessoas – normalmente – é feito através da consulta nos búzios; já na Umbanda, o passe (benção por imposição de mãos) e a conversa com os médiuns incorporados na Gira é a maneira mais comum de se relacionar com a espiritualidade.

– Na Umbanda existe uma dinâmica por meio da conexão com os espíritos humanos desencarnados – que como dito anteriormente quando incorporados aplicam os passes – em que eles trabalham também em prol da quebra de demandas, desobsessão, corte de magia negativa dentre outros feitos. Já no Candomblé (mais ortodoxo) espírito humano (Egun) não pode se manifestar e a atividade acontece no Ori (cabeça da pessoa).

– O transe espiritual com seu Orixá pessoal é um tipo de manifestação que acontece de dentro para fora e, sendo assim, de uma maneira geral os candomblecistas não praticam a incorporação, ou seja, a mediunidade não é um precedente.
Cada uma dessas religiões possui suas fundamentações, ritos e estrutura religiosa específica. Poderíamos citar muitas outras diferenças, mas seria conversa pra mais de mês…

Ver também: Estudo, Pesquisa e Vida Religiosa. Saiba mais sobre a Prof e Ekedi Patricia Globo
As semelhanças mais evidentes (lembrando que tudo depende da vertente em que se segue) entre essas duas confissões de fé está no culto aos Orixás e o uso de atabaques na liturgia. Entretanto, mesmo existindo essas duas particularidades, a Umbanda vai interagir de uma forma diferente do culto no Candomblé.

Enfim, como dito tanto Umbanda quanto o Candomblé são religiões que agregam muito da cultura e da pluralidade do povo brasileiro em seus fundamentos, posto isso, ressaltamos que vale a pena conhecer e se aprofundar mais sobre essas manifestações que contam parte da nossa história.



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