Pergunta: Dos trabalhos maléficos que estejam interessados
aos Exus não podem, sem prejuízo do bom resultado em favor do doente, serem
abolidos os despachos nas encruzilhadas, cemitérios, etc.?
Resposta: Podem. Porém, quando a entidade benfeitora manda a
vítima ir à encruzilhada , cemitério, etc., levar o chamado despacho, é que
reconhece também ser ela devedora de alguma coisa do presente ou do passado,
merecendo por isso o castigo de ir humilhar-se a uma entidade inferior.
Pergunta: A magia negra não pode ser desfeita pelos guias no
Astral, dispensando-se, assim, de serem trazidos ao terreiro as entidades
inferiores responsáveis pela mesma?
Resposta: Pode, embora a vítima receba benefícios, os
malfeitores não sendo trazidos ao terreiro para serem encaminhados à escola no
espaço, continuarão na prática das mesmas maldades, visto ficarem fora do
alcance dos bons espíritos pela diferença de plano.
Pergunta: As guias que os médiuns usam possuem realmente
algum valor?
Resposta: As guias, quando seu uso é determinado pelas
entidades de luz, são saturadas dos fluidos dessas entidades e a variação de
cores corresponde às diferentes vibrações.
Pergunta: Considerando que o anjo de guarda é um espírito de
luz, acender velas para ele tem algum valor?
Resposta: Tem. Quando acendemos uma vela a Jesus ou a um
santo qualquer fixamos neles o nosso pensamento, estabelecendo assim uma
corrente de ligação cujo elo é a vela.
Pergunta: Não é absurdo dizer-se que o anjo de guarda ou
protetor pode ser preso?
Resposta: É absurda tal coisa.
Pergunta: As obrigações que se fazem nas cachoeiras, matas, mares, etc., têm algum
valor?
Resposta: No período da escravatura, pelo rigor imposto pelos
senhores que eram católicos, os escravos não podendo praticar livremente seus
cultos, se refugiavam nesses lugares com esta finalidade, tornando-se assim
para eles sítios sagrados e que no Astral Superior foi e ainda lhes é
reconhecido como mercê. Por isso, determinam seus filhos a ali comparecerem a
fim de receberem reajustamento de vibrações.
Pergunta: Na mesa kardecista, pode ser desfeito um trabalho
de magia negra? Resposta: Pode. Porém, é muito demorado o processo.
Pergunta: Pode o Exu ser doutrinado?
Resposta: Para melhor compreensão, o nome Exu dado a certos
espíritos é coisa da Terra. Esse espírito é um agente mágico executor da Lei de
Causa e Efeito no planeta Terra; é como um missionário da justiça e que deve
obediência aos espíritos de mais luz, são como empregados.
Ao contrário, os espíritos que vivem nas encruzilhadas são espíritos
endurecidos, ignorantes; espíritos ambiciosos e gananciosos muito materializados
que têm por hábito dar o nome de Exu visto serem a eles subordinados e, em
troca de presentes materiais, atacam as pessoas indefesas, assim como lhes
concedem favores da mais baixa espécie possível. Esses espíritos quando
atraídos para desfazerem o mal, requerem muitas vezes que se lhes tratem com
energia para poderem obedecer; podem, não obstante, ser doutrinados.
Pergunta: Qual a finalidade exata dos pontos riscados?
Resposta: É uma combinação entre os espíritos que formam as
falanges de Umbanda e têm por fim atrair forças fluídicas positivas, repelir as
negativas, invocar o auxílio de outras entidades e também expedir ordens. Os
pontos só podem e devem ser utilizados pelas entidades que deles possuam
perfeito conhecimento; um reduzido número de encarnados conhece alguma coisa a respeito,
porém é muito perigosa sua utilização por parte de quem desconhece seus
fundamentos; pode invocar sem querer verdadeiras desgraças para si e para outrem.
O ponto riscado é magia.
Pergunta: Qual o fundamento do ponteiro?
Resposta: Ele é utilizado na firmeza de pontos de abertura e
encerramento deum trabalho, como complemento do ponto riscado, no entanto pode
ser dispensado, dependendo da entidade atuante.
Pergunta: Por que os guias fumam?
Resposta: A fumaça do charuto e do cachimbo substitui o
defumador cujo objetivo real é limpar o ambiente e as pessoas de vibrações
negativas. Não é, como os leigos julgam, um vício ou uma prova de inferioridade
do espírito.
Pergunta: E sobre o uso do álcool e bebida?
Resposta:
1º) O álcool é um dos elementos empregados como processo para afugentar
certos espíritos que não resistem a seu cheiro, como por exemplo: os obsessores
renitentes.
2º) O uso de certas bebidas pelas entidades espirituais que trabalham, em
missão no terra a terra, em dias festivos, é somente como confraternização com
seus médiuns e nunca por vício. Fora isso, é que os médiuns, abusando do dom
consciente, gostam de molhar a garganta.
Pergunta: Podem os espíritos de Umbanda se identificar
através do chamado ponto riscado? Como?
Resposta: Podem. Pelo ponto riscado é que as entidades se
identificam por completo nos aparelhos de incorporação. Os pontos traduzem e
imantam Forças da Magia Celeste; é um privilégio dos Orixás, Guias e
Protetores. Eles identificam poderes, responsabilidades de espíritos, tipos de
atividade e os vícios iniciáticos das falanges.
Podem ser usados para trabalhos em benefícios do bem aos necessitados;
para imantação de guias, colares, patuás, etc., e para a identificação
individual dos próprios Orixás, Guias e Protetores. Para sua identificação
individual, a entidade de Umbanda traça três sinais básicos: a Flecha, a Chave
e a Raiz. Com a Flecha, a entidade diz quem é; com a Chave identifica a sua
banda e com a Raiz caracteriza a sua afinidade e muitas das vezes o seu grau na
hierarquia. O conjunto dos três elementos é que forma o ponto completo.
Pergunta: Poderia fazer algumas considerações sobre os
seguintes símbolos: o triângulo, a cruz e a estrela de cinco pontas?
Resposta: O triângulo é o símbolo do Universo Ternário,
significando a elevação pelo intelecto; é a manifestação dos Três Mundos; o
astral, o mental e o físico; possui alto valor simbólico, servindo para todos
os altos trabalhos de magia positiva. A estrela de cinco pontas é um poderoso
símbolo de proteção. Suas pontas representam as cinco forças vitais ou os cinco
pranas. A cruz é o símbolo que representa a hierarquia crística, é a chave de
todos os mistérios, é o símbolo da redenção.
Pergunta: Existe alguma diferença entre a mediunidade da mesa
kardecista e a mediunidade de Umbanda?
Resposta: Sim. A mediunidade no chamado espiritismo de mesa é
acentuadamente mental, as comunicações são quase telepáticas, predominantemente
inspirativas, isto é, os espíritos atuam mais sobre a mente dos médiuns, pois a
atividade do espiritismo se processa mais no plano mental.
O espiritismo de mesa não tem missão de atuar no baixo astral contra os elementos
de magia negra, como acontece com a Umbanda. Ele é quase exclusivamente
doutrinário, mostrando aos homens o caminho a ser seguido a fim de se elevarem
verticalmente a Deus. Sua doutrina funda-se principalmente na reencarnação e na
Lei de Causa e Efeito. Abre a porta, mostra o caminho iluminado, e aconselha o
homem a percorrê-lo a fim de alcançar sua libertação dos renascimentos
dolorosos em mundos de sofrimentos, como é o nosso atualmente, candidatando-se
à vivência em mundos melhores. Em virtude disso, a defesa do médium kardecista
reside quase exclusivamente na sua conduta moral e elevação de sentimentos,
portanto, os espíritos da mesa kardecista, após cumprirem suas tarefas
benfeitoras, devem atender outras obrigações inadiáveis.
É da tradição espírita kardecista que os espíritos manifestem-se pelo pensamento,
cabendo aos médiuns transmitir as ideias com o seu próprio vocabulário e não as
configurações dos espíritos comunicantes. Em face do habitual cerceamento
mediúnico junto às mesas kardecistas, os espíritos têm que se limitar ao
intercâmbio mais mental e menos fenomênico; isto é, mais ideias e menos
personalidades. Qualquer coação ou advertência contrária no exercício da mediunidade
reduz-lhe a passividade mediúnica e desperta a condição anímica.
Por esta razão há muito animismo na corrente kardecista. A faculdade
mediúnica do médium ou cavalo de Umbanda é muito diferente da do médium
kardecista, considerando-se que um dos principais trabalhos da Umbanda é atuar
no baixo astral, submundo das energias degradantes e fonte primária da vida. Os
médiuns de Umbanda lidam com toda a sorte de tropeços, ciladas, mistificações,
magias e demandas contra espíritos sumamente poderosos e cruéis, que manipulam
as forças ocultas negativas com sabedoria. Em consequência o seu
desenvolvimento obedece a uma técnica específica diferente da dos médiuns
kardecistas.
Para se resguardarem das vibrações e ataques das chamadas falanges
negras, ele tem que valer-se dos elementos da Natureza, como seja: banhos de
ervas, perfumes, defumações, oferendas nos diversos reinos da Natureza, fonte
original dos Orixás, Guias e Protetores, como meios de defesa e limpeza da aura
física e psíquica, para poder estar em condições de desempenhar a sua tarefa,
sem embargo da indispensável proteção de seus Guias e Protetores espirituais,
em virtude de participarem de trabalhos mediúnicos que ferem profundamente a
ação dos espíritos das falanges negras, isto é, do mal, que os perseguem,
sempre procurando tirar uma desforra. Por isso a proteção dos filhos de
terreiro é constituída por verdadeiras tropas de choque comandadas pelos
experimentados Orixás, conhecedores das manhas e astúcias dos magos negros. Sua
atuação é permanente na crosta da Terra e vigiam atentamente os médiuns contra
investidas adversas, certos de que ainda é muito precária a defesa guarnecida
pela elevação de pensamentos ou de conduta moral superior, ainda bastante rara
entre as melhores criaturas. Os Chefes de Legião, Falanges, Sub-falanges,
Grupamentos e Protetores também assumem pesados deveres e responsabilidades de
segurança e proteção de seus médiuns. É um compromisso de serviço de fidelidade
mútua, porém, de maior responsabilidade dos Chefes de Terreiro. Daí as
descargas fluídicas que se processam nos terreiros, após certos trabalhos
pesados, com a colaboração das falanges do mar e da cachoeira, defumação dos
médiuns e do ambiente e dando de beber a todos água fluidificada.
O espírito que reencarna com o compromisso de mediunidade na Umbanda recebe
no espaço, na preparação de sua reencarnação, nos seus plexos nervosos ou
chakras, um acréscimo de energia vital eletromagnética necessária para que ele
possa suportar a pesada tarefa que irá desempenhar.
Na corrente kardecista, isto não é necessário, em virtude de não ter que
enfrentar trabalhos de magia negra, como acontece na Umbanda; e mesmo permitir
aos guias atuarem-lhe mais fortemente nas regiões dos plexos, assumindo o
domínio do corpo físico e plastificando suas principais características. Então
vemos caboclos e pretos-velhos revelarem-se nos terreiros com linguagem
deturpada para melhor compreensão da massa humilde, assim como as crianças, encarnando
suas maneiras infantis para melhor aceitação na mesma
OBS: Estas perguntas de
respostas que vem de um caderninho são de outro Preto Velho (Pai Ernesto de
Moçambique) e médium que não tinham contato com o autor do livro (Pai Guiné) e
nem com Pai Mata e sua obra.
Seus conceitos são muito similares
aos de Pai Guiné e a historia deste caderninho voces encontram no livro de W W
da Matta e Silva.
Fonte: Anexo do Livro Lições de
Umbanda e Quimbanda na Palavra de um Preto-Velho
Autor: W W da Matta e
Silva.