quinta-feira, 28 de abril de 2016

MODELO DE INSTRUÇÕES GERAIS DE CONDUTA MORAL, ESPIRITUAL E FÍSICA DOS MÉDIUNS OU INICIANDOS DA CORRENTE ASTRAL DE UMBANDA




MODELO DE INSTRUÇÕES GERAIS DE CONDUTA MORAL, ESPIRITUAL E FÍSICA DOS MÉDIUNS OU INICIANDOS DA CORRENTE ASTRAL DE UMBANDA

1) Manter dentro e fora da Tenda, isto é, na sua vida espiritual ou religiosa particular, conduta irrepreensível, de modo a não suscitar críticas, pois qualquer deslize nesse sentido irá refletir na sua Tenda e mesmo na Umbanda, de modo geral.

2) Procurar instruir-se nos assuntos espirituais elevados, lendo o Evangelho de Cristo Jesus e outros livros indicados pela Direção Espiritual da Tenda, bem como assistindo palestras nesse sentido.

3) Conservar sua saúde psíquica, vigiando constantemente, o aspecto moral.

4) Não alimentar vibrações de ódio, rancores, inveja, ciúmes ou qualquer
sentimento ou pensamento reconhecidamente negativo.

5) Não falar mal nem julgar a alguém, pois não se pode chegar às causas pelo aspecto grosseiro dos efeitos.

6) Não julgar que seu protetor é o mais forte, o mais sabido, muito mais “tudo” que o do seu irmão, médium também.

7) Não viva querendo impor seus dons mediúnicos, contando, com insistência, os feitos de seu guia ou protetor. Lembre-se de que tudo isso pode ser problemático e transitório e não esqueça de que você pode ser testado por outrem e toda essa sua conversa vaidosa ruir fragorosamente.

8) Dê paz a seu protetor no astral, deixando de falar tanto no seu nome, isto é, vibrando constantemente nele. Assim, você está se fanatizando e “aborrecendo” a entidade. Fique certo de que, se ele, o seu protetor, tiver “ordens e direitos de trabalho” sobre você, poderá até discipliná-lo, cassando-lhe as ligações mediúnicas e mesmo infringindo-lhe castigos materiais, orgânicos, financeiros etc., se você for desses que, além de tudo isso, ainda comete erros em nome de sua entidade protetora...

9) Quando for para a sua sessão, não vá aborrecido e quando chegar lá, não procure conversas fúteis. Recolha-se a seus pensamentos de paz, fé e caridade pura para com o próximo.

10) Lembre-se sempre de que sendo você um médium considerado pronto ou desenvolvido, é de sua conveniência tomar banhos de descarga ou propiciatório determinados por seu guia ou protetor. Se for médium em desenvolvimento, procure saber quais os banhos e defumadores mais indicados, o que será dado pela direção da Tenda.

11) Não use “guias” ou colares de qualquer natureza sem ordem comprovada de sua entidade protetora responsável direta e testadas na Tenda, ou então, somente por indicação do médium-chefe, se for pessoa reconhecidamente capacitada.

12) Não se preocupe em saber o nome do seu guia ou protetor antes que ele julgue necessário e por seu próprio intermédio. É de toda conveniência também, para você, não tentar reproduzir, de maneira alguma, qualquer ponto riscado que o tenha impressionado, dessa ou daquela forma.

13) Não mantenha convivência com pessoas más, viciosas, maldizentes etc.. isto é importante para o equilíbrio de sua aura e dos seus próprios pensamentos. Tolerar a ignorância não é compartilhar dela.

14) Acostume-se a fazer todo o bem que puder, sem visar a recompensas.

15) Tenha ânimo forte através de qualquer prova ou sofrimento. Aprenda a confiar e esperar.

16) Aprenda a fazer recolhimento diário, pelo menos de meia hora, a fim de meditar sobre suas ações e outras coisas importantes da sua vida.

17) Não confie a qualquer um os seus problemas ou “segredos”. Escolha a pessoa indicada para isso.

18) Não tema a ninguém, pois o medo é a prova de que está em débito com a sua consciência.

19) Lembre-se sempre de que todos nós erramos, pois o erro é da condição humana e portanto ligado à dor, a sofrimentos vários e, conseqüentemente, às lições, com suas experiências... Sem dor, sofrimento, lições e experiências não há Carma, não há humanização nem polimento íntimo. O importante é que não se erre mais, ou não cometer os mesmos erros. Passe uma esponja no passado, erga a cabeça e procure a senda da reabilitação (caso se julgue culpado de alguma coisa), e para isso, “mate” a sua vaidade, não se importe, em absoluto, com que os outros disserem de você. Faça tudo para ser tolerante e compreensivo, pois assim, só boas coisas poderão ser ditas de você.

20) Zele por sua saúde física, com uma alimentação racional e equilibrada.

21) Não abuse de carnes, fumo e outros excitantes, principalmente o álcool.

22) Nos dias de sessão, regule a sua alimentação e faça tudo para se encaminhar aos trabalhos espirituais, limpo de corpo e espírito.

23) Não se esqueça, em hipótese alguma, de que não deve ter relações ou contatos carnais na véspera e no dia da sessão.

24) Tenha sempre em mente que, para qualquer pessoa, especialmente o médium, os bons espíritos somente assistem com precisão, se verificarem uma boa dose de humildade ou de simplicidade no coração. A vaidade, o orgulho e o egoísmo cavam o túmulo do médium.

25) Aprenda lentamente a orar confiando em Jesus, o Regente do Planeta Terra. Cumpra as ordens ou conselhos de seu Guia ou Protetor. Ele é seu grande e talvez único amigo de fato e quer somente a sua felicidade.

26) E finalmente: se você é um irmão que está na condição de Médium-chefe, com toda responsabilidade espiritual do terreiro em suas mãos, convém que se guarde rigorosamente contra a vampirização daqueles que só procuram o seu terreiro e sua entidade protetora para fins de ordem material, pessoal, com casos e mais casos, sempre pessoais... Convém que se guarde, para seu próprio equilíbrio e segurança, contra esses aspectos que envolvem sempre ângulos escusos relacionados com o baixo astral. Isso não é próprio das coisas que se entendem como caridade. Isso é vampirização, sugação de gente viciada, interesseira que pensa ser a Umbanda uma “agência comercial”, e o seu terreiro, o “balcão” onde pretendem servir-se através de seu guia ou protetor. Enfim, não permita que o baixo astral alimente as correntes mentais e espirituais de sua Tenda, pois se isso acontecer, você dificilmente se livrará dele – será um escravo...

Fonte: Livro Mistérios e Praticas na Lei de Umbanda

Autor: W.W da Matta e Silva.

terça-feira, 26 de abril de 2016

CARIDADE NO LAR - PERIGO À VISTA





CARIDADE NO LAR - PERIGO À VISTA

No incontido desejo em fazer valer a razão sobre a empolgação, a humildade sobre a vaidade, e o conhecimento sobre a ignorância, somos levados a dar ciência ao Movimento Umbandista de um fato corriqueiro, embora reprovável, e que tem dado azo a desdobramentos muito desagradáveis para quem os comete.

Estamos falando de atividades espírito-caritativas perpetradas em ambientes domésticos, e que podem trazer grandes tormentos ao equilíbrio psico-material do grupo familiar residente.
Motivadas a auxiliar, ou mesmo a dar vazão a sentimentos reprimidos (vaidade, egocentrismo, narcisismo etc.). Pessoas estão incorporando espíritos com os quais mantêm vínculos para amparar terceiros, no que tange a problemas diversos.

Arrastando móveis, improvisando congas, e adequando espaços, iniciam labor mediúnico-espiritual sem perceberem que o local de habitação, por ser ambiente onde a família vive seu cotidiano (alegrias, tristezas, aspirações, frustrações etc.), não foi construído e/ou preparado para suportar reflexos de tal atividade.

Enquanto dirigentes zelosos, sob a orientação de seus respectivos mentores espirituais, preparam seus templos com as firmezas necessárias à segurança, a defesa e ao equilíbrio do lugar, frente aos trabalhos, muitos deles vibratoriamente pesados (desobsessão, desmanche de magia de teor negativo etc.), "alimentando" a egrégora da Casa e ionizando o espaço de caridade, outros tantos, sem atentarem às medidas retrocitadas, por boa ou má fé, começam a redirecionar para seus lares energias conscientes e/ou inconscientes que acompanham aqueles que são alvos de atendimento, processando-se a aglutinação e eventual sedimentação destas forças naquela habitação.

É que, ao se efetuar auxílio a indivíduos vitimados por demandas, obsessões, formas-pensamento, ou qualquer outro instrumento de ataque psico-espiritual, invariavelmente novos adversários. Porque os verdugos vão querer saber quem é aquele que se posiciona como pretenso escudo as suas ações maléficas. Ao par disto, tentarão desestabilizar toda a base de sustentação daquela célula familiar, eis que contrariados em suas intenções.

Como o local não está preparado para os entrechoques magnético-espirituais, e levando-se em consideração que nem todos os membros daquela pequena coletividade estão equilibrados psiquicamente, inicia-se patente influenciação dos atacantes sobre o grupo.
Médiuns que realizam trabalhos espirituais em seus domicílios para assim agirem, baseiam-se no fato que seus Guias e Protetores os protegerão de tudo e de todos, e que nada de nocivo lhes poderá acontecer. Porém, as coisas não são simples como costumam parecer. Até dirigentes bem preparados, cônscios de suas responsabilidades, e exercendo labor caritativo consciente, não raras vezes costumam sofrer abalos em seu trabalho. O que dirá daqueles que realizam atividades sem nenhum alicerce defensivo.

É certo que no final da guerra o Bem prevalecerá, porém é certo afirmar-se também que as diversas batalhas nem sempre serão a priori vencidas.
Lugar de socorro e tratamento de patologias espirituais é Templo de Umbanda, e não a casa em que moramos. Por quê ? porque os terreiros umbandistas são verdadeiras usinas de reciclagem de lixo astral (miasmas, larvas astrais, formas-pensamento, magnetismo deletérico etc.), preparados especificamente para lidar contra tais energias, neutralizando suas ações e reciclando sua constituição, além de depurar magneticamente outras individualidades astrais, tal qual a reciclagem de esgoto em água potável ou de lixo em adubo.

Mas, e no caso de baterem a nossa porta pedindo socorro ? nesta situação o médium deverá com sua experiência e bom senso analisar fria e racionalmente o quadro que se apresenta, rogando auxílio aos espíritos que o acompanham. O medianeiro bem preparado, bem instruído tem consciência, ou deveria ter, que nestes casos existem métodos socorristas que podem ser aplicados aos necessitados, sob orientação mental dos Guias, sem a necessidade de incorporação e envolvimento direto no problema.

Há aqueles que pensam que haverá cura ou melhora do enfermo somente se houver incorporação de espíritos. Este fato, no entanto, apenas serve para observar a insegurança que lhes é peculiar.
Por fim devemos expor, contrariando aqueles que são de opinião de que o socorro e tratamento ministrado pelas Entidades Espirituais só se realizam quando os médiuns estão incorporados, que os amigos de Aruanda laboram de maneira ininterrupta, tenham ou não a presença de médiuns nos terreiros.

Todos os dias, todas as horas, espíritos enfermos são conduzidos às Instituições umbandistas, ora para esclarecimento, ora para desmagnetização perispiritual, e também para espontânea ou compulsoriamente repararem ações deletéricas causadas pelos mesmos.
O assunto é extenso e complexo. Entretanto, o básico foi discorrido, e esperamos sinceramente que tais apontamentos sejam um referencial seguro para futuras ações mediúnicas.

Saravá Umbanda !!!


Fonte: JORNAL UMBANDA HOJE – Edição 22

quarta-feira, 20 de abril de 2016

O USO DO FUMO NOS TERREIROS DE UMBANDA


O USO DO FUMO NOS TERREIROS DE UMBANDA

O fumo é a erva mais tradicional da terapêutica psico-espiritual praticada em nossa religião. Originário do mundo novo, os nativos fumavam o tabaco picado e enrolado em suas próprias folhas, ou na de outras plantas, conhecendo o processo de curar e fermentar o fumo, melhorando o gosto e o aroma.
Durante o período físico em que o fumo germina, cresce e se desenvolve, arregimenta as mais variadas energias do solo e do meio ambiente, absorvendo calor, magnetismo, raios infravermelhos e ultravioletas do sol, polarização eletrizante da lua, éter físico, sais minerais, oxigênio, hidrogênio, luminosidade, aroma, fluidos etéreos, cor, vitaminas, nitrogênio, fósforo, potássio e o húmus da terra. Assim, o fumo condensa forte carga etérea e astral que, ao ser liberada pela queima, emana energias que atuam positivamente no mundo oculto, podendo desintegrar fluídos adversos à contextura perispiritual dos encarnados e desencarnados.
O charuto e o cachimbo, ou ainda o cigarro, utilizados pelas entidades filiadas ao trabalho de Oxalá são tão somente defumadores individuais. Lançando a fumaça sobre a aura, os plexos ou feridas, vão os espíritos utilizando sua magia em benefício daqueles que os procuram com fé.
Os solos com textura mais fina, com elevado teor de argila, produzem fumos mais fortes, como os destinados a charutos ou fumos de corda, enquanto os solos mais arenosos produzem fumos leves, para a fabricação de cigarros.
No fabrico dos charutos (palavra derivada do tâmil churutu), as folhas, após o processo de secagem, são reunidas em manocas de 15 a 20 folhas e submetidas a fermentação, destinada a diminuir a percentagem de nicotina, aumentar a combustividade do fumo e uniformizar a sua coloração.
Os tipos de fumo mais utilizados na confecção dos charutos brasileiros são: Brasil-Bahia, Virgínia, Sumatra e Havana.
Nos trabalhos umbandistas é muito utilizado por Exu Bombogira. A cigarrilha de odor especial, quando utilizada por esta entidade, melhor se ajusta ao descarrego do magiado, por proporcionar-lhe mais tranqüilidade.
Os cigarros são utilizados para fins mais materiais, normalmente relacionados com negócios financeiros.
Os charutos de fumo grosseiro e forte são peculiares à magia dos Exus, enquanto os charutos de fumo de melhor qualidade são usados por Caboclos.
Já os Pretos-Velhos dão preferência aos cachimbos, nos quais usam diversos tipos de mistura de ervas, como o alecrim, a alfazema e outros, além de utilizarem cigarros de palha, impregnando assim os elementos com a sua própria força espiritual, transformando o tradicional "pito" em um eficiente desagregador de energias negativas. Desta maneira, como o defumador, o charuto ou o cachimbo são instrumentos fundamentais na ação mágica dos trabalhos umbandistas executados pelas entidades. A queima do tabaco funciona como um defumador individual, próprio, dirigido ao objetivo do Guia, que não traz nenhum vício tabagista, como dizem alguns, representando apenas um meio de descarrego, um bálsamo vitalizador e ativador dos chakras dos consulentes.
Vemos assim que, como ensinou um Pai Velho, "na fumaça está o segredo dos trabalhos da Umbanda".

Fonte: JORNAL UMBANDA HOJE – Edição 06

segunda-feira, 18 de abril de 2016

DIFERENÇAS DE MEDIUNIDADE


DIFERENÇAS DE MEDIUNIDADE


No livro "Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de Um Preto-Velho" - W. W. da Matta e Silva, há um relato de Pai Ernesto de Moçambique sobre a diferença entre a mediunidade da "mesa kardecista" e a mediunidade de Umbanda :

"Pergunta : Existe alguma diferença entre a mediunidade da mesa kardecista e a mediunidade de Umbanda ?

Resposta : Sim. A mediunidade no chamado espiritismo de mesa é acentuadamente mental, as comunicações são quase telepáticas, predominantemente inspirativas, isto e’, os espíritos atuam mais sobre a mente dos médiuns, pois a atividade do espiritismo se processa mais no plano mental. Espiritismo de mesa não tem a missão de atuar no baixo astral contra os elementos de magia negra, como acontece com a Umbanda. Ele é quase exclusivamente doutrinário, mostrando aos homens o caminho a ser seguido a fim de se elevarem verticalmente a Deus. Sua doutrina fundamenta-se principalmente na reencarnação e na Lei da Causa e do Efeito. Abre a porta, mostra o caminho iluminado e aconselha o homem a percorre-lo a fim de alcançar a sua libertação dos renascimentos dolorosos em mundos de sofrimentos, como é o nosso atualmente, candidatando-se à vivência em mundos melhores. Em virtude disso, a defesa do médium kardecista reside quase exclusivamente na sua conduta moral e elevação dos sentimentos, portanto os espíritos da mesa kardecista, após cumprirem suas tarefas benfeitoras, devem atender outras obrigações inadiáveis.

É da tradição espírita kardecista que os espíritos manifestem-se pelo pensamento, cabendo aos médiuns transmitirem as idéia com o seu próprio vocabulário e não as configurações dos espíritos comunicantes.
Em face do habitual cerceamento mediúnico junto às mesas kardecistas, os
espíritos tem de se limitar ao intercâmbio mais mental e menos fenomenico, isto é, mais idéias e menos personalidade. Qualquer coação ou advertência contraria no exercício da mediunidade reduz-lhe a passividade mediúnica e desperta a condição anímica. Por esta razão há muito animismo na corrente kardecista.

A faculdade mediúnica do médium ou cavalo de Umbanda é muito diferente da do médium kardecista, considerando-se que um dos principais trabalhos da Umbanda é atuar no baixo astral, submundo das energias degradantes e fonte primaria da vida.
Os médiuns de Umbanda lidam com toda a sorte de tropeços, ciladas, mistificações, magias e demandas contra espíritos sumamente poderosos e cruéis, que manipulam as forcas ocultas negativas com sabedoria. Em conseqüência o seu desenvolvimento obedece a uma técnica especifica diferente da dos médiuns kardecistas. Para se resguardar das vibrações e ataques das chamadas falanges negras, ele tem de valer-se dos elementos da natureza, como seja : banhos de ervas, perfumes, defumações, oferendas nos diversos reinos da natureza, fonte original dos Orixás ,Guias e Protetores, como meios de defesa e limpeza da aura física e psíquica, para poder estar em condições de desempenhar a sua tarefa, sem embargo da indispensável proteção dos seus Guias e Protetores espirituais, em virtude de participarem de trabalhos mediúnicos que ferem profundamente a ação dos espíritos das falanges negras, isto e’, do mal que os perseguem, sempre procurando tirar uma desforra. Por isso a proteção dos filhos de Terreiro é constituída por verdadeiras tropas de choque comandadas pelos experimentados Orixás, conhecedores das manhas e astucias dos magos negros. Sua atuação é permanente na crosta da Terra e vigiam atentamente os médiuns contra investidas adversas, certos de que ainda é muito precária a defesa guarnecida pela evocação de pensamentos ou de conduta moral superior, ainda bastante rara entre as melhores criaturas. Os Chefes de Legião, Falanges, Sub-falanges, Grupamentos e Protetores, também assumem pesados deveres e responsabilidade de segurança e proteção de seus médiuns. É um compromisso de serviço de fidelidade mutua, porem, de maior responsabilidades dos Chefes de Terreiro.

Dai as descargas fluídicas que se processam nos Terreiros, após certos trabalhos, com a colaboração das falanges do mar e da cachoeira, defumação dos médiuns e do ambiente e dando de beber a todos água fluidificada. Espírito que encarna com o compromisso de mediunidade de Umbanda, recebe no espaço, na preparação de sua reencarnação, nos seus plexos nervosos ou chacras, um acréscimo de energia vital eletromagnética necessária para que ele possa suportar a pesada tarefa que irá desempenhar.
Na corrente kardecista, isto não é necessário, em virtude de não ter de enfrentar trabalhos de magia negra, como acontece na Umbanda, e mesmo permitir aos guias atuarem-lhe mais fortemente nas regiões dos plexos, assumindo o domínio do corpo físico e plastificando suas principais características. Então vemos caboclos e pretos-velhos revelarem-se nos Terreiros com linguagem deturpada para melhor compreensão da massa humilde, assim como as crianças, encarnando suas maneiras infantis para melhor aceitação das mesmas. "

Fonte: Livro - Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de Um Preto-Velho"
Autor: W. W. da Matta e Silva

terça-feira, 5 de abril de 2016

A IMPORTÂNCIA DO CAMBONO NA UMBANDA


Autor: Lara Lannes e Alberto Magno Soares

O cambono é o médium do terreiro que tem como missão auxiliar as entidades que chegam para trabalhar prestando a Caridade, exercendo papel essencial ao bom desenvolvimento de um terreiro de Umbanda, tendo tanta importância quanto todas as pessoas componentes do quadro mediúnico da Casa.
Geralmente são médiuns que não incorporam ou em desenvolvimento os escolhidos e treinados para tal função tão importante dentro do terreiro.
Assim como o médium de incorporação, o cambono deve passar por um processo de desenvolvimento e adaptação às responsabilidades que terá durante o trabalho que irá desempenhar durante as giras e consultas do terreiro.
Portanto, deve estar em sintonia constante com sua função espiritual que o auxiliará e dará todo apoio para que esse desenvolvimento se dê de forma a
Torná-lo apto para o cargo que desempenhará na casa que frequenta. Por isso é importante também o cambono em desenvolvimento participar da gira ou sessão de desenvolvimento mediúnico do terreiro.

Durante seu desenvolvimento, o cambono terá em seu aprendizado, uma parte voltada ao conhecimento dos hábitos e atitudes das entidades que trabalham com os médiuns da casa, uma vez que será seu o trabalho de suprir as necessidades que surgirem durante o trabalho da entidade, trazendo-lhe todo o material necessário e de costume usado por ela.
Assim, o cambono atua como intérprete da entidade durante uma consulta quando solicitado e, para isso, o cambono deverá estar atento, prestando sempre atenção no comportamento e na preferência das entidades a qual ele ira cambonar.

Por ajudar nas consultas, o cambono acaba por escutar alguns trechos da consulta ou até mesmo acompanhar sem participar diretamente de algum trabalho realizado, o que exige do cambono o sigilo, devendo ser discreto e cumprir o sigilo à risca.
Deverá também o cambono seguir todos os rituais ou preceitos ensinados pela casa, firmar seu anjo da guarda, tomar seus banhos de descarrego, para que assim esteja sempre numa boa sintonia com sua função, ajudando assim a manter o padrão energético elevado.
Se a casa tiver mais de um cambono todos deverão ser treinados da mesma forma, para que não haja nenhum erro e executem seu trabalho de uma forma que não atrapalhe os trabalhos da casa e das entidades. É importante, neste caso, a confirmação de um Cambono chefe para distribuir as funções aos demais cambonos.

Deve ser disciplinado, responsável com horários, concentrado e por estar em contato bem próximo com a entidade, não se achar íntimo da entidade e sim ter consciência do elo espiritual que se forma com a entidade que auxilia com passar do tempo. Por exemplo, a entidade passa a intuir o cambono quando está precisando da sua presença ou de seu auxílio.
O Cambono é quem cuida do material de trabalho da entidade
O cambono não deve ser confundido como escravo das entidades e nem mesmo dos médiuns uma vez que os cambonos também auxiliam as entidades desses irmãos médiuns, cuidando e zelando também por seus materiais de trabalho. Uma observação que deve ser feita é que os próprios médiuns incorporantes devem ajudar a zelar pelo cumprimento das tarefas que antecedem os trabalhos do terreiro, muitas vezes ajudando os cambonos no desenvolvimento dos trabalhos, desde que autorizados ou designados para essa tarefa pelo cambono chefe ou zelador de santo.
O médium em desenvolvimento, escolhido para desempenhar esta função, tem a chance de começar o seu aprendizado em relação à espiritualidade e de como funciona um terreiro e os trabalhos das entidades, dando-lhe confiança e preparando-o para o momento de sua incorporação.

É importante o cambono estudar os aspectos espirituais, conhecer o regimento da casa, participar de todos os eventos do terreiro, freqüentar palestras, ou seja, participar de todo quadro doutrinário do terreiro para assim evoluir espiritualmente e merecer ter a função de confiança das entidades e dos dirigentes da casa.

Algumas funções e procedimentos dos Cambonos:


Esclarecer as dúvidas do consulente;

Ajudar na comunicação da entidade para com o médium;

Escrever prescrições recomendadas pela entidade ao consulente, tais como: banhos, descarregos, receitas, etc..

Participar da preparação necessária aos trabalhos da casa no dia específico, ou seja, limpeza do altar, ingredientes para a defumação, até mesmo nas firmezas da casa estando o material necessário (vela, fósforo, copo d’água, pemba, ponteiro, tábua para riscar ponto, caneta, papel, etc..) em mãos ou facilitando o acesso ao mesmo. Assim como em alguns terreiros, estar em mãos com a ficha de consulta elaborada para os atendimentos;

Orientar a assistência sobre a atitude a ser seguida durante o desenvolvimento da gira ou da consulta. Por exemplo, no caso de esclarecer a necessidade de todos estarem com pernas e braços descruzados, uma vez que essa simples atitude pode prejudicar o andamento dos trabalhos das entidades, cortando a corrente;

Auxiliar os médiuns durante a gira no momento da incorporação e chegada da entidade como também na hora da desincorporação do médium como, por exemplo, estar com a toalha em mãos, ver se o médium necessita de água, todo o necessário para o bem estar do médium;

Orientar aos consulentes que não consultem com todas as entidades da casa no mesmo dia, ou mesmo em dias diferentes. Durante o andamento do auxílio que foi pedido a determinada entidade, uma vez que essa saberá quando e como deve tomar as atitudes necessárias ao socorro espiritual que o consulente necessita;

Ter a percepção necessária para, durante a consulta, perceber quando o consulente está se estendendo além do tempo necessário e, com educação, orientá-lo para o término dessas, para que o médium não sobrecarregue sua energia em processos de incorporação que demorem além do tempo necessário ao trabalho de suas entidades;

Após o atendimento, é o cambono que deve pedir orientação à entidade do que fazer com as sobras do material utilizado durante os trabalhos, se encarregando de dar destino a esses, guardando os instrumentos utilizados pela entidade (copo, tábua de ponto, banco, paramentos) e, deixando limpo e organizado o ambiente onde os trabalhos foram realizados.

Em termos espirituais, o cambono tem o compromisso de:

Firmar seu anjo da guarda antes dos trabalhos;
Manter-se em sintonia com o padrão vibratório do terreiro e de sua função espiritual;

Manter-se em silêncio e em atitude de recolhimento, sem prestar atenção ao conteúdo da consulta por curiosidade, falando somente quando interpelado pela entidade que assiste;


Ver o trabalho de cambono como um aprendizado, necessário ao seu desenvolvimento espiritual, tendo em mente que sua disciplina e doação são ferramentas necessárias ao bom desempenho dos trabalhos do terreiro.

Em síntese, a função de cambono é uma função muito importante dentro de um terreiro, pois é ele que ajuda e auxilia as entidades tanto durante a gira quanto durante a consulta, facilitando o andamento de ambas. No entanto, deve-se ter em mente que o cambono jamais poderá se julgar superior às entidades que trabalham na casa, devendo manter sempre o respeito necessário, não desacatando suas ordens ou tratando-as de forma desrespeitosa durante a incorporação, respeitando a necessidade de seu
trabalho incorporado.

Mais do que ninguém, a entidade confirmada na casa, apta à desempenhar o trabalho de caridade e assistência sabe do quanto é imperiosa a ordem ao bom andamento dos trabalhos e, se ainda assim, mantém-se incorporado, tal atitude deve ser respeitada e quando questionada que o faça com o respeito devido pelo cambono.

Por esse motivo, também, o cambono deve ter muito cuidado ao tratar com as entidades para que não ultrapasse os limites de respeito que devemos ter a esses espíritos que “baixam” em nossos terreiros com o objetivo de ajudar a nós encarnados. Chega-se ao cúmulo de vermos cambonos no exercício de sua função desrespeitando o momento da desincorporação, sendo rudes com as entidades, e não prestando atenção ao médium que necessita de ajuda quando o espírito deixa a sua matéria.

O cambono não deve interferir nos trabalhos das entidades e nem do terreiro, e sim, ser parte importante e integrante dos trabalhos realizados, sabendo sempre que seu cargo deve ser desempenhado com toda a responsabilidade e amor à sua função e, que assim como ao terreiro é essencial o trabalho do médium que recebe seus guias para atender aos necessitados de auxílio, sem o trabalho de organização desempenhado pelos médiuns cambonos, essa tarefa seria muito difícil de ser realizada.